Crônica
Por Leyla Cíntia da Silva – 2 Ano B
Uma manhã mais que tranquila, estou em casa ouvindo o tic-tac do relógio, desvio o olhar e o vejo, são exatamente dez horas, ninguém em casa além de mim, sinto-me só e resolvo dar uma saída, ver o movimento lá fora. Deparo-me com o portão fechado a cadeado, volto pego a chave e saio à rua.
Fico a observar as pessoas, os carros, as motos e as bicicletas indo e vindo. Começo a andar sem rumo, olho para as casas e vejo, moças arrumadas olhando os rapazes que passam, senhoras idosas carregando o fardo da vida, crianças seminuas que correm e brincam de pega-pega...
Dou mais alguns passos, e uma das casas chama minha atenção, casa em madeira, pintura verde já desgasta pelo tempo e vejo uma mãe chamando por seus cinco filhos para o almoço, ao ver-me sorri e convida-me a entrar, aceito e permaneço ali por alguns minutos.
Logo as crianças entram correndo e sentam à mesa para almoçar, olham com os olhinhos de jabuticaba para o prato sobre com apenas dois pedaços de carne, uma minúscula panela de arroz e outra de feijão.
Admirada com a cena, fico por ali querendo saber o final da “santa ceia.” As crianças aguardam ansiosamente pela comida, a mãe começa a serví-los, um a um, aquele pouquinho de comida que eles vão degustando como se fosse a melhor refeição do mundo, restou apenas uma migalha na panela, logo notei que seria a refeição dela, quando de repente o caçula pede mais um pouco, e a mãe mais uma vez fica sem comida. Eu ali, extasiada com a cena, assisto a mais um episódio e fico encantada, surpreendida, pois quando as crianças terminaram de almoçar, juntamente com a mãe, cada um agradeceu a Deus pela refeição.
Levantam-se e saíram da mesa, felizes, satisfeitos, agora revigorados para recomeçar a brincadeira que haviam parado.
Despedi-me a fui para casa refletindo... Oh Deus! Por que há tantas desigualdades sociais neste mundo? Há tantas pessoas em nossa sociedade que ambiciosas esbanjam até mesmo coisas tão supérfluas, enquanto outras passam necessidade, como aquela mãe que deixou de comer para alimentar seus filhos?
Sem mais questionamentos, resolvi fazer a minha parte, separei roupas que nem usava mais, fui a despensa e peguei alguns alimentos e voltei na casa daquela senhora, entrego-lhe as coisas e ela agradece-me, dá-me um abraço bem apertado e recebe feliz a doação.
Aprendi com ela, agradeci a Deus por ter permitido-me sair e andar pela rua naquele momento e me deparar com uma lição para a minha vida.