Crônica
Por Edilayne de Oliveira Arruda
Janeiro de 2009. Fazia um calor insuportável, procurei refrescar-me tomando um refrigerante em um café-bar.
Assentei-me à mesa do canto esquerdo e lá no cantinho direito vejo meu professor bebendo cerveja. Nunca havíamos tido a oportunidade de conversar fora das aulas. Decido aproximar-me e puxo conversa; pela primeira vez falamos sobre coisas inesperadas, como o preço das coisas, porém, logo presumi que teria que pagar a conta dele. Ele, parecendo não lembrar de minha fisionomia, pergunta:
-Quem é você? O que faz?
Bebe um gole de cerveja, olha-me como se eu fosse uma criança desprotegida e com ar de compaixão me pergunta sorrindo:
-É possível ter esperança e ser feliz em nossos dias?
Calei-me!
Desde então, percebi que ele ficou em silêncio, pensativo, após ter proferido tais palavras. Depois de um breve silêncio respondo: Sim, só depende de nós mesmos...
Perguntei-lhe: Que esperança resta para seu filho?
Meu professor se mexeu muito na cadeira por uns instantes, seus olhos brilharam, mais úmidos e, de repente, sofri por ter feito pergunta. Ele, tentando dizer algo, levanta-se enquanto uma lágrima rebelde sai de seus olhos, e afasta-se de mansinho.
No dia seguinte, o procuro e fico sabendo que seu filho estava se autodestruindo com drogas.
Assim, pude entender o porquê de sua desesperança e falta de fé. Passou alguns dias e novamente o encontro em uma igreja, juntamente com seu filho, porém, desta vez, notei um olhar de esperança. Pareciam começar uma nova etapa em suas vidas. Algo divino! Jamais esquecerei aquela cena, e a última imagem que guardei, foi o sorriso que deu ao filho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário