terça-feira, 19 de junho de 2012

Intertexto com o filme “O curioso caso de Beijamin Button”

Adaptado por: Iara Garcia - 1º A
Quando era pequena, fui logo deixada, largada e não sabia o porquê. Será que eu sou diferente? É, diferente mesmo, sou Mary e fui entendendo aos poucos que tenho uma doença raríssima. Eu nasci com a aparência de velha e gradualmente fui ficando mais nova. Ninguém acredita que tenho 8 anos, minha pele enrugada, minhas artérias comprometidas, fazem com que eu não passe de uma velhinha caduca de 80 anos; Não sou “uma coisa de outro mundo”, só sou uma muleca que queria brincar de pipa, ao invés de ficar jogando xadrez. Aos 18 anos cada vez mais fui notando que não poderia acompanhar as pessoas que estão perto de mim, eu veria a minha mãe morrer antes de mim, veria as pessoas que mais amo se indo. Ah! Aquele menino, David, era ele, lindo, dono do meu coração. Eu o amava, mas, com certeza ele não se apaixonaria por aquela velha, cheia de doenças e reumatismo inclusive, mas que tinha um coração de jovem. Tive que aceitar esse amor que jamais aconteceria. Como viveríamos? Ele me serviria remédio, quando o maior carinho que eu iria lhe dar era o meu coração, que não bastaria.

Mudei-me para esquecer tudo isso. Fui viajar, fui trabalhar em embarcações, vivendo por aí e aprendendo histórias de marujos. Aos 25 anos me vi sozinha, junto com tripulantes que faziam de suas vidas tremendas farras e que só lhe serviam para hobbie, naquele imenso mar de solidão. Aprendi coisas, a me virar com 40 anos, já crescido voltei para casa e lá a vi, David, mesmo mais velho. E eu lá garotona com aparência de 25 anos. Ele estava solteira e eu como “menina” apaixonada por aqueles cabelos ruivos, ainda. Decidi mostrar que ainda gostava dele mais que tudo, e diante daqueles olhos verdes recebi a melhor notícia. Ele me corresponderia. Vivemos em um mar de amor e montamos nossa casinha, só uma cama, alguns conjuntos de panelas, e um cobertor aconchegante. Mas, o que não atrapalhava em nada, só fazia aumentar nossos planos. Ele adoeceu, uma doença grave. Ele já estava com 45 anos e o que esperar? Eu já estava com a aparência de “pré-adolescente” e David cuidaria de mim e de minha filha? Cuidaria de uma adolescente e sua filha? A culpa seria minha se ela nascesse igual a mim? Culparia-me a vida toda. Foi ai que fui embora, com meu coração partido, deixando todos os bens que consegui em minha vida, pois os meus bens mais preciosos, cuidariam do meu tesouro.

Fui ficando com aparência de 7 anos. Uma velha com já 64 anos, no qual ninguém acreditava. Vinha em minha lembrança, vagamente, a minha vida e pude ver que a aproveitei muito bem, e que sinto saudades. Sei que hoje em dia, ele não me reconheceria, aliás, todas as pessoas que amei foram ficando mais velhas, e eu ali, cada vez mais garotona. Pude ver também, que, minha vida valeu apena, e sei que deixaria minhas jóias preciosas no mundo, as quais foram muito amadas e que com certeza o que me separou delas foi o meu curioso caso.

Sou Mary Button e tenho 67 anos.

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