Adaptado
por: Iara Garcia - 1º A
Quando
era pequena, fui logo deixada, largada e não sabia o porquê. Será que eu sou
diferente? É, diferente mesmo, sou Mary e fui entendendo aos poucos que tenho
uma doença raríssima. Eu nasci com a aparência de velha e gradualmente fui
ficando mais nova. Ninguém acredita que tenho 8 anos, minha pele enrugada,
minhas artérias comprometidas, fazem com que eu não passe de uma velhinha
caduca de 80 anos; Não sou “uma coisa de outro mundo”, só sou uma muleca que
queria brincar de pipa, ao invés de ficar jogando xadrez. Aos 18 anos cada vez
mais fui notando que não poderia acompanhar as pessoas que estão perto de mim,
eu veria a minha mãe morrer antes de mim, veria as pessoas que mais amo se
indo. Ah! Aquele menino, David, era ele, lindo, dono do meu coração. Eu o amava,
mas, com certeza ele não se apaixonaria por aquela velha, cheia de doenças e
reumatismo inclusive, mas que tinha um coração de jovem. Tive que aceitar esse
amor que jamais aconteceria. Como viveríamos? Ele me serviria remédio, quando o
maior carinho que eu iria lhe dar era o meu coração, que não bastaria.
Mudei-me
para esquecer tudo isso. Fui viajar, fui trabalhar em embarcações, vivendo por
aí e aprendendo histórias de marujos. Aos 25 anos me vi sozinha, junto com
tripulantes que faziam de suas vidas tremendas farras e que só lhe serviam para
hobbie, naquele imenso mar de solidão. Aprendi coisas, a me virar com 40 anos,
já crescido voltei para casa e lá a vi, David, mesmo mais velho. E eu lá
garotona com aparência de 25 anos. Ele estava solteira e eu como “menina”
apaixonada por aqueles cabelos ruivos, ainda. Decidi mostrar que ainda gostava
dele mais que tudo, e diante daqueles olhos verdes recebi a melhor notícia. Ele
me corresponderia. Vivemos em um mar de amor e montamos nossa casinha, só uma
cama, alguns conjuntos de panelas, e um cobertor aconchegante. Mas, o que não
atrapalhava em nada, só fazia aumentar nossos planos. Ele adoeceu, uma doença
grave. Ele já estava com 45 anos e o que esperar? Eu já estava com a aparência
de “pré-adolescente” e David cuidaria de mim e de minha filha? Cuidaria de uma
adolescente e sua filha? A culpa seria minha se ela nascesse igual a mim? Culparia-me
a vida toda. Foi ai que fui embora, com meu coração partido, deixando todos os
bens que consegui em minha vida, pois os meus bens mais preciosos, cuidariam do
meu tesouro.
Fui
ficando com aparência de 7 anos. Uma velha com já 64 anos, no qual ninguém
acreditava. Vinha em minha lembrança, vagamente, a minha vida e pude ver que a
aproveitei muito bem, e que sinto saudades. Sei que hoje em dia, ele não me reconheceria,
aliás, todas as pessoas que amei foram ficando mais velhas, e eu ali, cada vez
mais garotona. Pude ver também, que, minha vida valeu apena, e sei que deixaria
minhas jóias preciosas no mundo, as quais foram muito amadas e que com certeza
o que me separou delas foi o meu curioso caso.
Sou
Mary Button e tenho 67 anos.
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