Relato pessoal
Por Caio Vieira – 2° ano B
Outubro de dois mil e dez, uma cidadezinha no interior de Minas Gerais pertencente ao triângulo mineiro: Prata, cuja cidade, mais que monótona com pouquíssimas pessoas caminhando pelo centro, fui observando cada detalhe, logo notei que as casas não eram de uma época recente, pois a arquitetura era arcaica, o período não sei.
Havia na praça principal uma escultura do esqueleto de um dinossauro, creio que deva ser o ponto turístico principal daquela cidade e as ruas eram quase desertas, o solo montanhoso, muitas subidas e descidas com algumas casas em cima de morrinhos, achei tudo muito lindo.
Finalmente chegamos ao destino, era uma casa velha, tão antiga quanto as demais, porém, mais conservada, havia pouco tempo que tinham reformado. Ao descermos do carro, logo avisto uma mulher gorda, cabelos grisalhos e longos, vestida em uma saia meio longa, caminhando vagarosamente. Em uma de suas mãos havia uma muda de planta e na outra segurava uma sacola com algumas compras. Quando ela nos viu, imediatamente parou de caminhar e nos olhou com espanto, surpresa com nossa presença, olhou cuidadosamente para nós, abraçou-nos e chorou. Naquele exato momento, senti muita pena por ver aquela velha senhora tão emocionada ao ver seus sobrinhos depois de quinze anos.
Adentramos à casa, na primeira sala vi um sofá bem no cantinho, com um forro vermelho, logo em seguida entrei na sala maior, ali havia três sofás e uma estante com uma televisão e um telefone, naquele momento fiquei aliviado, pois via à minha frente uma televisão, assim, teria algo para fazer naquele lugar, fiquei estático por alguns instantes, planejando o que faria naqueles poucos dias que passaria ali.
Ela nos chamou para a varanda, fomos andando devagar, a casa era muito grande e comprida, de repente, avisto uma mesa com seis cadeiras, e cada um de nós tomamos um lugar e nos sentamos.
Ao poucos, iniciaram um diálogo, começaram a falar do passado, histórias que só Deus sabe se é verdade, algumas delas, não acreditei e logo uma contestei. Falaram que no Prata, no morro mais alto da cidade havia um vulcão, naquele momento não pude ficar calado pois sabia que não era verdade, tinha estudado isso com minha professora de geografia e ela havia me dado toda a garantia que no Brasil não tinha nenhuma hipótese de se ter vulcão, expliquei a eles, mas não se importaram. Disseram que Prata é a cidade onde tudo é possível, fiquei indignado com aquilo, mas tudo bem.
Logo senhora tia foi para a cozinha, e em seguida volta com pão, refrigerante e manteiga e olhando para nós disse: “Vocês têm que comer”. Dissemos que não era necessário, pois tínhamos acabado de comer na estrada, mas ela insistiu, e como seus pãezinhos estavam irresistíveis aceitamos e até hoje lembro-me perfeitamente do gosto daquele delicioso refrigerante, cujo nome era: Refrigerante Mineiro. Quando a senhora suspeitou que estávamos alimentados, falou que tínhamos que ir visitar um outra pessoa que morava um pouco distante de sua casa, tratava-se de sua irmã, então, aceitamos o convite e fomos.
Novamente, passei a observar cada detalhe da cidade Durante o percurso. As ruas eram estreitas, algumas delas, cabia somente um carro de cada vez, as principais eram um pouco mais largas, à caminho vi várias casas que me recordavam direitinho as aulas de história e artes.
D repente, a senhora nos avisa: “Nesta rua mora a tia de vocês”, reparei que estávamos em um morro, onde havia apenas árvores e pasto, parecia estranho. Ao chegar, minha tia estava a uns oito metros abaixo da rua, uma casa com muros muito altos, totalmente fechada; tocamos a campainha, e ao interfone uma pessoa responde e em seguida aparece à porta. Um senhor de meia idade, barriga saliente, poucos e grisalhos fios de cabelos, vestindo bermuda e camiseta.
Quando nos viu tomou um susto e nos convidou a entrar, logo vejo uma mulher idêntica a senhora que havia visto ao chegar a cidade e fiquei espantado com aquilo, mas me conformei, pois as duas eram irmãs.
Passei a observar os detalhes da casa, havia ali, um grande número de miniaturas de vários objetos, olhei para minha mãe e ela balançou a cabeça negativamente, olhei para meu pai que fez o mesmo gesto, sabiam que eu queria algo proibido, mas, a senhora de cabelos grisalhos notou minha angústia e pediu a sua irmã que me desse um daqueles objetos, mas ela disse que não poderia dar, pois eram peças raras, um pedaço da vida dela, justificou dizendo que tinha muito amor por todos eles, embora fosse mais de trinta peças. Fiquei chateado, pois ela tinha muitos, mas, permaneci calado.
Desisti, mas queria ver logo a tão falada coisa que tinha em cima da gruta, na casa dela, todos conversando não paravam um minuto se quer, comecei a ficar impaciente, pois queria conhecer logo. Num determinado momento, uma pessoa se levanta e vai em direção à cozinha, fui atrás, queria conversar algo diferente, quando entro na cozinha deparo-me com mais coisinhas pequeninas, mas não estava mais interessado naquilo, queria ver a gruta.
Finalmente, uma das senhoras dirige-se à cozinha com minha mãe e aproveitei para dizer que queria ver a tal gruta, estava ansioso, queria conhecê-la logo.
Rapidamente a senhora pegou um molho de chaves e pediu a todos que lhe acompanhasse. Na entrada vi um portão de ferro com uma cruz ao alto e uma placa indicando os horários de visitação, após subir a escadaria vejo uma casinha bem pequena cheia de muletas e cadeiras de rodas, depois avistamos uma mina de água, um lugar muito bonito, segundo disseram, a nascente desta mina era encanada, bem na bica tinha uma pequena casinha com a imagem de nossa Senhora Aparecida com uma vela acesa ao lado, começo a perceber porque aquele lugar era tão comentado.
Olhei para cima da gruta e vi uma cruz, quis subir aquelas escadas para ver o que era, quando subi, vejo uma linda igreja sobre a gruta, um lugar abençoado por Deus, onde muitas pessoas que passaram por ali e por uma questão de fé foram curados, fiquei admirado com tanta beleza, a senhora minha tia cuidava de tudo aquilo com a ajuda do neto, tudo muito limpo e organizado. No interior da igreja havia várias imagens e ela sabia o nome de todos, ficamos deslumbrados com o lugar, ela explicava tudo, contava histórias e nos pediu para nunca nos esquecermos de Deus.
Finalmente passou minha ansiedade, pois conheci o tão famoso lugar. Na hora de ir embora, fiquei triste, pois não queria sair daquele lugar que passava uma tranquilidade imensa, não queria ficar longe daquelas coisinhas pequeninas e peludinhas que eram os cachorrinhos dela, tentei pedir mas sem chance, ela era mesmo muito apegada a eles, como se fosse um membro de sua família.
Na hora da despedida minha tia nos convidou para jantar, mas já tínhamos combinado o jantar na casa da outra tia, porém, marcamos tomar o café da manhã no horário da saída, pois somente assim comeríamos seus deliciosos quitutes, que só ela mesma sabe fazer.