Por Karina Norbach
Sou uma flor, todos me chamam de Girassol. Sou
bem amarelinha e minhas pétalas são alongadas e volumosas.
Vim de longe, muito longe. De um lugar chamado
Paraíso. Lá existem muitas flores como eu, todas lindas.
Quando eu ainda era uma sementinha e estava
germinando, mamãe disse-me que seria uma flor diferente, pois teria um dom: o
de seguir as direções do sol.
Com o passar do tempo, cresci e tornei-me uma
grande flor. Ao abrir meus olhos, pela primeira vez vi o sol. Seus luminosos
raios encheram meus olhos de brilho, e tive vontade de chorar, mas não de
tristeza e, sim, de felicidade, pois, a partir desse momento, um forte elo se
formaria entre mim e aquele majestoso ser.
Recordo-me bem de minha infância no meu jardim
Paraíso. Passava o dia com meus pais e amigos, deliciando-me com o sol da tarde
e sentindo a brisa suave da noite ao perfume de todas as minhas semelhantes. À
manhãzinha o orvalho cobria meu corpo, mas não me incomodava, pelo contrário,
adorava ver-me cheia de gotinhas.
Paraíso, ah! Meu Paraíso. Adorava esse lugar...
mas eu saí de lá, não porque quis, mas porque me tiraram. Foi um rapazinho que
pegou-me desprevenida e colocou-me em sua mochila, onde fiquei chorando muito,
pois queria voltar para casa.
Depois de algum tempo, ele tirou-me de lá de
dentro e entregou-me a uma moça; disse que ela se parecia comigo, mas não é
verdade, afinal eu sou uma flor e ela uma humana.
Depois de se despedirem, a moça levou-me a um
local estranho, uma espécie de sala com várias pessoas, meninos e meninas,
sentados em cadeiras. Na
frente de todos havia uma mulher escrevendo coisas, para mim incompreensíveis,
em uma espécie de lousa.
Não demorou muito até que eu descobrisse que
esse estranho lugar se chamava ESCOLA. Na verdade, não sei o verdadeiro
significado dessa palavra; só sei que as pessoas daqui são esquisitas e
completamente diferentes umas das outras.
Um barulho soou como um sino e a menina
levou-me a um gramado e plantou-me ali. E neste lugar estou até hoje: no
gramado da escola.
Hoje, posso dizer que sou feliz! Tenho aqui
amiguinhas, que como eu, ficam muito contentes em poder embelezar a escola. Todo
dia chega aqui uma florzinha nova, assustada e chorando; mas não demora muito e
ela já se sente feliz de novo, como de estivesse em casa. Se tenho saudades do
Paraíso? Saudade é pouco para descrever o que sinto. Queria muito voltar, ver
meus pais e amigos novamente; sentir minhas raízes plantadas no Paraíso. Mas
sou feliz aqui, alegrando a vida das pessoas; descobri que aqui é meu lugar
agora.
Torço muito pelos amigos que deixei, assim como
sei que eles torcem por mim. Sei que um dia voltarei, para visita-los, e
contarei a eles todas essas aventuras que vivi. Parece impossível, mas tudo é
uma questão de força de vontade, afinal, ela move o mundo e isso eu tenho de
sobra!
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